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A Oi TV anunciou nesta segunda-feira ser a principal cliente do satélite geoestacionário SES-6, lançado e acionado hoje com sucesso no Cosmódromo de Baikonur, no Casaquistão. A operadora comprou a maior parte da capacidade do satélite - dos 38 transponders de banda Ku do SES-6, 28 deles estão apontados para o Brasil. E a Oi TV comprou todos eles, inclusive adesivando a marca da Oi na fuselagem do foguete Proton, que pos o satélite em órbita.
Ariel Dascal, diretor da Oi TV, que esteve presente no lançamento do satélite, falou com O GLOBO aqui no Cosmódromo sobre a importância dessa novidade para a empresa, ressaltando que nunca houve um projeto de tal complexidade no Brasil, no segmento de TV por satélite.
■ Quando começou o projeto de ampliação?
O projeto foi discutido e aprovado no final do 1º semestre de 2012, e os contratos foram fechados em novembro. O satélite que contramos coloca a Oi TV num novo patamar no mercado de TV por assinatura, consolidando nossa posição de operadora de telecomunicações no Brasil que realmente tem uma oferta “quadruple play”, ou seja, telefone, internet banda larga, televisão e celular.
■ O que motivou o início do projeto?
Basicamente tivemos três grandes motivadores. O primeiro foi a demanda dos consumidores por uma maior diversidade de canais, já que eles querem mais conteúdo e mais serviços. Nesse contexto, o DTH (Digital-To-Home) está evoluindo muito. Outro aspecto que buscamos é uma melhor usabilidade, ou seja, é toda a relação do assinante com a televisão. E nesse mundo em que a interação com a máquina está cada vez mais simples, o satélite faz parte dessa experiência de uso. Olhando para o sistema como um todo, o satélite é uma das partes mais glamurosas, mas há toda uma série de equipamentos que ficam na casa do assinante, como o set-top box — que estamos reconstruindo por inteiro, bem como o software que roda nele.
A segunda motivação foi um conjunto de recentes mudanças na legislação brasileira, que passou a ampliar o número de canais obrigatórios, o que faz com que precisemos de mais capacidade para atender à nova norma. E a terceira motivação é que, em 2012, o serviço de TV DTH ganhou uma relevância estratégica fundamental para a Oi. Ou seja, ficou claro que a Oi precisa prestar o serviço de TV, não bastando apenas ser uma operadora de celular e de voz. Assim, numa empresa continental como a Oi, o DTH é a plataforma ideal para prestar serviço de TV para todo o Brasil. E digo continental, pelas dimensões do território brasileiro. Outro dia estávamos monitorando ao mesmo tempo Rio Branco, no Acre, e Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.
■ Que outros satélites atendiam antes a Oi TV em sua cobertura no Brasil?
Anteriormente nós utilizávamos a frota da Hispasat, com os satélites Amazonas 1 [fabricado pela Astrium e lançado em 2004-08-04 em Baikonur, Cazaquistão], Amazonas 2 [também fabricado pela Astrium e lançado em 2009-10-01 em Kourou, Guiana] e Amazonas 3 [fabricado pela Space Systems/Loral e lançado em Kourou em 2013-02-07].
■ Qual é então o diferencial do novo projeto, com o satélite SES-6?
Na verdade o diferencial não é o alcance, pois mesmo com a frota anterior, a Oi TV já tinha alcance nacional. A diferença com o novo projeto é que o SES-6 vai nos entregar um sinal com maior potência, o que faz com que o usuário final sofra menos com condições climáticas adversas, por exemplo, chuva. Além disso, o novo satélite amplia a quantidade de serviços e canais que podemos oferecer.
■ Com essa potência maior de sinal, o usuário poderia usar uma antena menor para captar as transmissões?
A princípio a antena terrestre fica do mesmo tamanho. Na verdade, em algumas regiões do Brasil, a antena poderia até ser menor, mas decidimos manter o mesmo tamanho.
■ Como foi a pesquisa de mercado em busca do fornecedor para este novo satélite?
Nós pesquisamos todos os fornecedores do segmento espacial com cobertura sobre o Brasil. Foi um trabalho realmente exaustivo.
■ Fora os critérios de preço, porque escolheram a SES-6?
Dentre os critérios que nos levaram a optar pela SES, o primeiro deles foi a capacidade oferecida. Alguns outros fornecedores chegavam perto, mas só a SES oferecia a capacidade que queríamos. Outro aspecto decisivo foi a potência do sinal, juntamente com a cobertura geográfica do satélite, visto que alguns fornecedores não cobriam exatamente todo o território brasileiro. E o critério final foi o prazo de lançamento, que também foi muito importante.
■ A Oi TV está alocando o satélite SES-6 todo? E, caso negativo, tem planos para expandir essa ocupação?
Alguns dados específicos do projeto eu tenho dificuldade em compartilhar com você. Mas posso lhe dizer que é um projeto escalável, um projeto que nos dá tranquilidade num dos aspectos mais críticos no mercado de TV por assinatura via satélite, que é justamente capacidade satelital. Acho que estamos bem garantidos para o futuro. Temos espaço para expandir mesmo no próprio SES-6.
■ Como foi tocar este projeto de expansão?
É um projeto extremamente complexo. Do ponto de vista técnico ele envolve muitas integrações, tanto de equipamentos, sistemas, satélite, antena etc. Então lançaremos inicialmente o mesmo “line-up”, com um plano de, em 2014 e 2015, ir lançando canais. Nosso objetivo é ser o lider em oferta de canais no Brasil e estamos no momento negociando com as programadoras nesse sentido.
■ Essa liderança englobaria também os provedores de TV a cabo?
As empresas de TV a cabo têm a obrigação de oferecer uma séria de canais abertos. Se formos considerar esses canais, então não. Mas se considerarmos apenas os conteúdos não abertos, então sim.
■ Esses sistema comporta TV por demanda (pay-per-view)?
Sim, comporta. Vamos disponibilizar um bom pacote de pay-per-view já em alta definição. É um sistema que já contempla interatividade. A interatividade será via internet banda larga, mas o pay-per-view será via satélite mesmo. Temos três modelos para oferecer conteúdo não-linear: o pay-per-view, em que teremos uma série de canais no satélite com “carroussel” rodando vários filmes e vários lançamentos; podemos também enviar para o cliente cerca de 20 filmes que ficarão armazenados em seu gravador; e via internet o assinante terá acesso a uma videolocadora, onde ele terá a acesso a um acervo de cerca de 5 mil títulos.
■ E qual a vida útil do satélite SES-6?
Se não tiver sido muito grosso o impacto no lançamento (risos), a vida dele será de cerca de 15 anos. E o contrato que assinamos com a SES nos dá liberdade, ou seja, se quisermos poderemos continuar durante os 15 anos de vida útil do SES-6. E, se for o caso, ficamos até com espaço no futuro satélite que substituir o SES-6.
■ E quanto à infraestrutura que você terra em Terra para controlar e gerenciar o SES-6?
O controle específico do satélite, ou seja, se houver necessidade de manobrá-lo no espaço ou coisa assim, está nas mãos da SES. Mas, do nosso lado, a estrutura que precisamos montar é bem complexa e interessante. Estamos construindo um uplink (uma antena que envia sinal para o satélite) que é do tamanho de um prédio, só a antena. Estamos colocando duas dessas antenas: uma no Alvorada, na Barra da Tijuca, e teremos uma redundância em Guaratiba, um local a uma distância segura do primeiro, tanto no aspecto infraestrutura quanto com relação a intempéries, como chuvas. Também precisaremos implantar novos equipamentos em nosso head-end, que precisará ser ampliado, além de prever espaço para as equipes que irão operar esses serviços. Ou seja, é uma infraestrutura bem complexa.
■ Qual o tamanho do projeto dentro e fora da Oi?
Na Oi, o projeto não envolve apenas a infraestrutura do satélite, mas abrange também as antenas terrestres, a parte de software e o decoder (que vai na casa do cliente). Só na Oi o projeto envolve várias áreas, entre engenharia de satélite, engenharia de vídeo, operação de head-end, operação de campo, atendimento e marketing. Falando de Brasil, outras empresas também têm head-end, mas em termos de capacidade de satélite e de tecnologia, estamos na frente. Atualmente temos no mercado a Net-Embratel, a Sky e a Oi TV. Mas posso até dizer que, agora, depois do lançamento bem sucedido do SES-6, ninguém tem um projeto desse tamanho e com essa complexidade no Brasil.
■ E vocês vão usar esse satélite para fornecer acesso à internet?
O satélite pode ser usado para essa finalidade, mas a princípio nosso objetivo maior é usá-lo para o serviço de televisão. Mas estamos avaliando outros serviços, como o DTH para internet. Mas por ora é só avaliação mesmo.
■ Com relação à qualidade de imagem, os pacotes da Oi TV já partem do HD (alta definição)?
Desde nosso pacote mais barato já oferecemos HD, que é um padrão em que apostamos muito. Hoje a Oi TV é uma das empresas que têm maior penetração de HD em sua base. Quanto a 3D e 4K, já estamos examinando, mas estamos esperando que essas tecnologias amadureçam um pouco.
■ E quanto ao padrão do sinal de TV?
O sinal que vem do satélite adere a padrões de transmissão digital. Já a saída final, que se conecta ao televisor, pode ser tanto NTSC quanto PAL-M.
■ Em quanto tempo a Oi TV fará novas ofertas já em função do novo satélite?
Após o período de estabilização do satélite ainda precisaremos tomar vários passos de integração de sistemas. Assim, esperamos começar a lançar novos serviços aos poucos no segundo semestre de 2013, atingindo um funcionamento “full” (completo) até o final deste ano.
■ E quanto ao marketing? Vão capitalizar em cima do satélite novo?
Já estamos preparando campanhas de lançamento. Quanto a mencionar explicitamente o novo satélite, faremos antes uma pesquisa junto aos nossos consumidores para ver se eles são sensíveis a esse tipo de informação.
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